sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Depilação Íntima Feminina

- Tenta sim... vai ficar liiiiinda! - Foi assim que decidi, por livre e espontânea pressão de amigas, me render à depilação na virilha.

Falaram que eu ia me sentir dez quilos mais leve, mas acho que pentelho não pesa tanto assim. Disseram que meu namorado ia amar, que eu nunca mais ia querer outra coisa.

Eu imaginava que ia doer, porque elas ao menos me avisaram que isso aconteceria, mas não esperava que por trás disso, e bota por trás nisso, havia toda uma indústria pornô-ginecoló gica-estética.

- Oi, queria marcar depilação com a Penélope.
- Vai depilar o quê?
- Virilha.
- Normal ou cavada? Parei aí, eu lá sabia o que seria uma virilha cavada, mas já que era pra fazer, quis fazer direito.
- Cavada mesmo.
- Amanhã, às... deixa eu ver...13:00 horas?
- Ok. Marcado.
Chegou o dia em que perderia dez quilos, almocei coisas leves, porque eu lá sabia o que me esperava, coloquei roupas bonitas, assim, pra ficar chique, escolhi uma calcinha apresentável. .. e lá fui eu.

Assim que cheguei, Penélope estava esperando, moça alta, mulata, bonitona...pensei... oba, vou ficar que nem ela, legal.Pediu que eu a seguisse até o local onde o ritual seria realizado, saímos da sala de espera e logo entrei num longo corredor.
De um lado a parede e do outro, várias cortinas brancas, por trás delas ouvia gemidos, gritos, conversas, uma mistura de Calígula com O Albergue.Já senti um frio na barriga ali mesmo, sem desabotoar nem um botão, mas eis que chegamos ao nosso cantinho: uma maca, cercada de cortinas.

- Querida, pode deitar.
Tirei a calça e timidamente, fiquei lá estirada de calcinha na maca, mas a Penélope mal olhou pra mim, virou de costas e ficou de frente pra uma mesinha, ali estavam os aparelhos de tortura.

Vi coisas estranhas, uma panela, uma máquina de cortar cabelo, uma pinça, meu Deus, era O Albergue mesmo.

De repente, ela vem com um barbante na mão, fingi que era natural e sabia o que ela faria com aquilo, mas fiquei surpresa quando ela passou a cordinha pelas laterais da calcinha e a amarrou bem forte.

- Quer bem cavada?
- É... é, isso.
Penélope então deixou a calcinha tampando apenas uma fina faixa da Abigail, nome carinhoso da minha periquita, esqueci de apresentar antes.

- Os pêlos estão altos demais, vou cortar um pouco senão vai doer mais ainda.
- Ah, sim, claro. Claro nada, não entendia porra nenhuma do que ela fazia, mas confiei. De repente, ela volta da mesinha de tortura com uma espátula melada de um líquido viscoso e quente (via pela fumaça).
- Pode abrir as pernas.
- Assim?
- Não, querida, que nem borboleta, sabe? Dobra os joelhos e depois joga cada perna pra um lado.
- Arreganhada, né?

Ela riu... que situação... e então, Pê passou a primeira camada de cera quente em minha virilha Virgem, gostoso, quentinho, agradável... até a hora de puxar.

Foi rápido e fatal, achei que toda a pele de meu corpo tivesse saído, que apenas minha ossada havia sobrado na maca, não tive coragem de olhar, achei que havia sangue jorrando até o teto, até procurei minha bolsa com os olhos, já cogitando a possibilidade de ligar para o Samu, tudo isso buscando me concentrar em minha expressão, para fingir que era tudo super natural. Penélope perguntou se estava tudo bem quando me notou roxa, eu havia esquecido de respirar, tinha medo de que doesse mais.

- Tudo ótimo. E você?
Ela riu de novo, como quem pensa: "que garota estranha", mas deve ter aprendido a ser simpática para manter clientes.O processo medieval continuou, a cada puxada eu tinha vontade de espancar Penélope, lembrava das minhas amigas recomendando a depilação e imaginava que era tudo uma grande sacanagem, só pra me fazer sofrer, todas recomendam a todos porque se cansam de sofrer sozinhas.

- Quer que tire dos lábios?
- Não, eu quero só virilha, bigode não.
- Não, querida, os lábios dela... aqui ó.
Não, não, pára tudo, depilar os tais grandes lábios? Putz, que idéia!!! Mas topei, quem está na maca tem que se fuder mesmo.
- Ah, arranca aí, faz isso valer a pena, por favor. Não bastasse minha condição, a depiladora do lado invade o cafofinho de Penélope e dá uma conferida na Abigail.
- Olha, tá ficando linda essa depilação.
- Menina, mas tá cheio de encravado aqui. Olha de perto.
Se tivesse sobrado algum pentelhinho, ele teria balançado com a respiração das duas, estavam tãooooo perto olhando que cerrei os olhos e pedi que fosse um pesadelo... pensei... "Me leva daqui, Deus, me teletransporta" . Só voltei à terra quando entre uns blábláblás, ouvi a palavra pinça.

- Vou dar uma pinçada aqui, porque ficaram um pelinhos, tá?
- Pode pinçar, tá tudo dormente mesmo, tô sentindo nada.
Estava enganada, senti cada picadinha daquela pinça filha da puta arrancando os pelinhos resistentes da pele já dolorida e quis matá-la, mas mal sabia que o motivo para isso ainda estava por vir.

- Vamos ficar de lado agora?
- Hein?
- Deitar de lado, pra fazer a parte cavada. Pior não podia ficar, obedeci à Penélope, deitei de ladinho e fiquei esperando novas ordens.
- Segura sua bunda aqui?
- Hein?
- Essa banda aqui de cima, puxa ela pra afastar da outra banda.

Tive vontade de chorar, eu não podia ver o que Pê via, mas ela estava de cara para ele, o olho que nada vê. Quantos haviam visto, à luz do dia, aquela cena? Nem minha ginecologista. Quis chorar, gritar, peidar na cara dela, como se pudesse envenená-la. Fiquei pensando nela acordando à noite com um pesadelo, o marido perguntaria:

- Tudo bem, Pê?
- Sim... sonhei de novo com o cú de uma cliente.
Mas, de repente, fui novamente trazida para a realidade, senti o aconchego falso da cera quente besuntando meu Twin Peaks, não sabia se ficava com mais medo da puxada ou com vergonha da situação.

Sei que ela deve ver mil cus por dia, aliás, isso até alivia minha situação, por que ela lembraria justamente do meu, dentre tantos? E aí me veio o pensamento: peraí, mas tem cabelo lá?Fui impedida de desfiar o questionamento, Pê puxou a cera, achei que a bunda tivesse ido toda para a casa do caralho. Num puxão só, Pê arrancou qualquer coisa que tivesse ali e com certeza não havia nem uma preguinha pra contar a história mais. Mordia o travesseiro e grunhia ao mesmo tempo, sons guturais, xingamentos, preces, tudo junto.

- Vira agora do outro lado.
Porra... por que não arrancou tudo de uma vez? Virei e segurei novamente a bandinha e, então, para piorar, a biscate da salinha do lado novamente abre a cortina.

- Penélope, empresta um chumaço de algodão? Apenas uma lágrima solitária escorreu de meus olhos, era dor demais, vergonha demais, aquilo não fazia sentido, estava me depilando pra quem?Ninguém ia ver o tobinha tão de perto daquele jeito, só mesmo Penélope e agora a vizinha filha da puta da maca ao lado.

- Terminamos, pode virar que vou passar a maquininha.
- Máquina de quê?!
- Pra deixar ela com o pêlo baixinho, que nem campo de futebol.
- Dói?
- Dói nada.
- Tá, passa essa merda...
- Baixa a calcinha, por favor.

Foram dois segundos de choque extremo, baixe a calcinha, como alguém fala isso sem antes pegar no peitinho? Mas o choque foi substituído por uma total redenção, ela viu tudo, da piriquita ao cú, o que seria baixar a calcinha? E essa parte não doeu mesmo, foi até bem agradável.

- Prontinha... posso passar um talco?
- Pode, vai lá, deixa a bicha grisalha.
- Tá liiiiinda!!! Pode namorar muito agora.

Namorar??? Eu estava com sede de vingança, admito que o resultado é bonito, lisinho, sedoso, mas doía e incomodava demais, queria matar minhas amigas.

Queria virar feminista, morrer peluda, protestar contra isso, queria fazer passeatas, criar uma lei antidepilação cavada.

Queria comprar o domínio: http://www.preserveasxoxotaspeludas.com.br/ e protestar eternamente contra essa tortura.

7 comentários:

  1. heheheh...
    Adorei sua história.Vc acredita q nunca tive coragem de depilar na cera,deve doer muito....Uma vez tentei depilar a perna e doeu tanto q falei: PARA!O resto faço em casa com a gilete.
    Minhas amigas tb vivem dizendo :VAMOS VC VAI GOSTAR,FAZ LOGO TUDO,AXILA,BUÇO,PERNA E CANTINHO.Deus me livre! Vc tem muita coragem....


    beijos Gi

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  2. Gostei deste post, que, em jeito de crónica, descreve bem algo que sempre me intrigou: a depilação íntima feminina.
    Acho que, mais do que mero efeito estético, é necessária, por uma questão de higiene, embora esta seja algo obrigatório para ambos os géneros (as mulheres muito mais, devido à sua especial fisiologia).
    E já agora, há uma grande diferença entre o sexo oral feito a uma vagina depilada e a uma peluda...
    Gostei muito de ter descoberto o teu blog; e aprecio a tua forma desinibida de escrever. Hei-de vir cá mais vezes. ;)

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  3. to rindo ate agora desse post do seu blog
    "Depilação Íntima Feminina"
    imagina que eu faço isso desde os 12anos de idade...
    na primeira vez fui igual a vc, so uma diferença fui extremamente escandalosa...
    hoje... nem chio.. aprendi que fazer todo mes 15 dias depois ou antes da mestruação não doi.. e nunca deve passar a gilete... pq depois a dor é terrivel ;)

    adorei o seu blog ;)

    bjs
    Debora

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  4. Olá, fartei-me de rir com a sua descrição! Eu prefiro fazer tudo sozinha, a vergonha é menor. ;)

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  5. Adooooooorrrrrreeeeeeeiiiiiiii como descreveu isso, eu ate hoje so depilei a perna com cera e doeu muito prefiro fazer eu mesma do meu jeito viu rsrsr

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  6. Estava aqui procurando informações sobre depilação intima e tal quando me deparei com seu blog. Vc não tem noção do quanto eu ri!! Caramba, acho que teria a mesma reação. Adorei seu jeito de escrever e descrever uma situação tão chata e engraçada como essa. Beijocas

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  7. KKK!!!! Muito bom!!!! amei sua história aterrorizante da depilação íntima!!! foi realmente hilária. Morro de medo , mas um dia vou enfrentar uma "Penélope" e mandar desmatar a Matilde ,nome da minha pixoca!!! beijim

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