domingo, 6 de julho de 2008

Tem Rapariga ai? (II)




Cheguei hoje de Fortaleza, que se diz a cidade da luz. Fiz uma viagem a trabalho. A noite, sai com uma amiga de trabalho da empresa pernambucana que presto consultoria na sua filial fortalezense.

No hall do hotel perguntei onde poderíamos ir. Queria um lugar onde cearenses gostassem de freqüentar. O recepcionista do cinco estrelas me deu um cartão que daria um drinque grátis em “um tal” bar de coco ou choco na beira mar. Chegamos cedo. Muitas famílias de turistas e pessoal da terra. Parecia que a noite seria uma maravilha.

Pedimos caranguejos, casquinhos, uma cerveja e eu uma dose de uísque. Tomei a primeira dose como se água fosse. Achei estranho o uísque tão suave já que era um Johnnie Walker 12 anos.

Acabada a primeira dose, minha colega comentou que a comida estava péssima. Eu não comi o caranguejo, comi o tal casquinho, uma comida horrorosa.

Mas já que estávamos ali, vamos ver a apresentação do humorista que faria um show. Outra péssima idéia. O humorista apelou, chamou palavrões, brincou grosseiramente e preconceituosamente com as mulheres e não respeitou nem mesmo o monte de crianças que ali estavam. Mas o pior ainda estava por vir. Pedi a segunda dose de uísque Johnnie Walker Red. Levantei-me para ver quem era o tal humorista, já que falam tanto dos humoristas cearenses. Apesar de bem trajado para o show, a qualidade artística era péssima.

Quando o garçom chegou, eu estava ainda em pé e observei que o dosador brilhava muito. Mandei o garçom esperar que eu queria ver o dosador. Ele tentou apressar-se para colocar o uísque. Eu tapei o dosador com a mão e retirei-o do copo que serve o uísque. Para minha surpresa (surpresa?), metade do dosador já estava com água.

Chamei o gerente e fiz uma confusão. Ele quis colocar a culpa no garçom. Perguntei como era controlada a garrafa e descobri que o controle era do bar e não do garçom e quem controlava o bar era uma pessoa vestida de vermelho... igual ao gerente (o garçom veste amarelo).

Conclui que aquilo era prática normal que visa lesar o turista - que chega e vai embora e nunca mais reclamará. É essa a tal cidade que é a cidade do turismo? Só aconteceu comigo? Só aconteceu nesse tal bar de coco na beira mar? Mas não acabou. Aquilo que já tinha visto em Natal, quando fui a um bar indicado pelo hotel e o bar estava lotado de garotas de programa, também iria acontecer em Fortaleza.

A noite que começara com famílias, crianças, turistas alegres foi mudando e, aos poucos, mais de uma centena de gringos estavam na casa. Simultaneamente, chega mais de uma centena de garotas desacompanhadas ao bar para assistir ao show de uma banda de qualidade duvidosa que tocava músicas de baixa qualidade... “chupa que é de uva”, “tem rapariga ai?” e a resposta delas era: TEM... e os gringos respondiam com urros e sons indecifráveis.

Os gringos que já estavam no lugar, facilmente, sentiam-se atraentes, bonitos, sensuais. Logo, logo deixavam as garotas apaixonadas. Mas tão rápido assim? Os gringos que mal conseguiam se comunicar-se “enturmavam” e beijavam as meninas apaixonadamente.

Aquele clima pesado nos forçou a fechar a conta e pedir um táxi para voltar ao hotel. No táxi perguntei ao taxista o que era aquilo e sem pestanejar ele respondeu: “ali só tem rapariga doutor”. Ai eu entendi que a resposta ao cantor era correta... ali tinha muita rapariga mesmo.

Agora entendo que não é a toa que Cyro Gomes foi a TV em Fortaleza dizer que Fortaleza é um “puteiro a céu aberto”. É uma pena que uma cidade tenha se “adaptado” a realidade desse tipo de turismo.


E-mail me foi enviado por Petrônio Martins (Consultor de Informática), por incrível que pareça eu não o conheço... apareceu por acaso no meu email

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